10
MAR
2016

Coordenador Nacional de Saúde Bucal destaca os desafios e as propostas de trabalho à frente da pasta

O Cirurgião-Dentista Ademir Fratric Bacic assumiu, em novembro de 2015, a Coordenação Nacional de Saúde Bucal do Ministério da Saúde. Ademir Fratric Bacic possui MBA em gestão de projetos, serviços e politicas públicas e em gestão empresarial. O Coordenador possui uma carreira voltada para gestão de clínicas odontológicas e odontologia de grupo com ênfase em projetos massificados e no setor público.

coordenador

1 – Quais são os maiores desafios nesta nova jornada de trabalho à frente da Coordenação Nacional de Saúde Bucal?

  1. Existem alguns desafios, o principal é sempre aumentar o acesso a um serviço de saúde com qualidade. Implantar programas que possam crescer ordenadamente, com sustentação e viabilidade voltada ao cuidado de cada situação nos diferentes cenários quando visto na amplitude nacional.

A Saúde Bucal recebeu muitos recursos Ministério da Saúde na última década e conseguiu se projetar e consolidar alguns programas que conseguiram ampliar o acesso da população em todos os níveis da odontologia, com forte atuação nos Centros de Especialidades Odontológicas que foram planejados para servir de referência para as especialidades de periodontia, endodontia e cirurgia, além de diagnósticos e atendimento a portadores de necessidades especiais.

Atualmente temos uma cobertura de 38% da população na Atenção Básica com próximo a 25.000 equipes de saúde bucal na estratégia de saúde da família e 1.033 Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) funcionando em 858 municípios.

Esses programas foram construídos a partir de uma necessidade e grande demanda reprimida numa construção coletiva, há mais de 10 anos, veio numa crescente nos primeiros 5 anos, mas nos últimos 5 anos o modelo tem pouca adesão por parte dos municípios, o que somado a atual menor capacidade de investimentos não vem avançando.

Outro ponto já possível de se fazer é a análise do sucesso, fatores de correção com os dados obtidos, uma vez que os programas já têm históricos e alguns indicadores que nos permite um melhor planejamento futuro.

2 – Qual sua avaliação sobre o perfil epidemiológico atual em saúde bucal da sociedade brasileira?

O último SBBrasil feito pela Coordenação Geral de Saúde Bucal foi realizado em 2010 e apresenta avanços significados em comparação ao anterior feito em 2003, tudo na nossa sociedade evoluiu.

Temos dados a comemorar no recorte do índice CPO (cariado, perdido e obturado) aos 12 anos é de 2,07, que inclui o Brasil como país com baixa prevalência de cárie. Ao sair desse recorte a situação ainda é muito ruim, temos 92% da população na melhor idade com necessidade de próteses totais ou parciais e índice CPO de 27,1.

É preciso ter olhar nacional, mas com ações pontuais, temos cenários extremamente peculiares e antagônicos, o único ponto comum é que todos os cenários da saúde bucal precisam de atenção, mais acesso, controles e melhoria.

3 – Quais são as prioridades de trabalho para a saúde bucal na rede pública?

A prioridade é o acesso da população a saúde bucal plena e de qualidade, para um serviço mais amplo, isso caminha lado a lado com acesso a informação, aumento de profissionais no sistema com condições de exercer seu trabalho de forma plena.

4 – Quais medidas serão adotadas em longo prazo?

No longo prazo programas educativos e preventivos, não conseguimos trabalhar saúde bucal se não melhorarmos os índices de procedimentos restauradores. A cultura e acesso à saúde bucal tem que estar presente e disponível desde o inicio.

5 – Quais as principais metas previstas pelo Programa Brasil Sorridente?

As metas estão da CGSB já estão previstas no PPA (plano plurianual 2015/2019), estou apresentando um planejamento para que possamos rever essas metas.

Outro problema que temos a o contingenciamento de recursos, o PPA é feito com base no orçamento previsto.

Tenho como plano de trabalho na continuidade do contemplado nos programas atuais, em três anos da pra triplicar o volume de procedimentos realizados atualmente nos CEOS.

Organizar uma rede de atendimento ambulatorial e hospitalar

Reorganizar o sistema de laboratórios regionais de próteses dentárias, gerando um aumento localizado de 143%.

Complementar e fortalecer a atenção básica, para conseguirmos no longo prazo importante redução em procedimentos de restauradores e de reabilitação.

6 – Qual sua visão sobre a trajetória de formação dos Cirurgiões-Dentistas no Brasil e o que ainda precisa avançar?

Somos um exército com mais de 270.000 profissionais, com problemas de concentrações regionais, proporcionado por uma quantidade saturada de cursos de graduação. Apesar do volume que cresceu demasiadamente e a qualidade da formação não ter acompanhado apresentando algumas deficiências o cirurgião dentista e todo o setor odontológico no Brasil é merecedor, reconhecido e referenciado internacionalmente.

O CD polivalente na sua essência, em geral, termina sua graduação com pouca vivência clinica, deficitário em diversas especialidades e despreparado para o mercado de trabalho, principalmente no setor público que estima atualmente empregar mais de 66.000 Cirurgiões-Dentistas.

7 – Quais as providências adotadas acerca dos sete itens de pauta entregues pela FNO, por meio de ofício, em reunião no dia 21 de janeiro, em Brasília/DF?

Todas as reivindicações são legítimas e coerentes, a maioria delas transcende a governabilidade e autonomia da Coordenação Geral de Saúde Bucal (CGSB), apesar de sermos aliados às nobres causas, o processo envolve gestão tripartite (governos federais, estaduais e municipais) e envolve pactuações mais amplas.

Pontualmente quanto o pleito de ampliação e modernização dos laboratórios regionais de próteses, já estamos com projeto contemplando ambas, bem como prever incentivo aos Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) em funcionamento, por meio do Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade do CEO (PMAQ) que possuam maior produtividade e especialistas em seu quadro profissional.

8 – Pretende conduzir alguma ação inédita à Frente da CNSB? 

Inédita não. Nada que nunca tenha sido visto em outros modelos de gestão no Brasil e no mundo, gradativamente vamos implementando algumas ações mais modernas e inovadoras no âmbito da saúde bucal no SUS.

Quero agradecer o espaço e respeitabilidade proposto pela FNO, manifestar meu apoio e solidariedade às motivações e pleitos dessa sólida e atuante instituição que nos representa, bem como, reforçar o espaço que esta gestão da CGSB manterá junto às entidades que defendem a odontologia.

À disposição,

Diretoria da Federação Nacional dos Odontologistas